05 Setembro
2025
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> Todos Contam por Nuno Santos
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CONJUNTURA
CONJUNTURA ECONÓMICA - AGOSTO DE 2025

O mês de agosto trouxe sinais encorajadores para a economia portuguesa. A S&P subiu o rating de “A” para “A+”, reconhecendo o esforço de consolidação orçamental e a trajetória descendente da dívida pública. Esta revisão positiva surge num momento em que Portugal conseguiu algum dinamismo económico, depois de um arranque de ano marcado por incerteza. No segundo trimestre de 2025, o PIB cresceu 0,6% em cadeia e 1,9% em termos homólogos, impulsionado pelo consumo privado, pelo investimento empresarial e o bom desempenho do turismo. O Banco de Portugal estima que o saldo orçamental continue positivo em 2025, embora sob pressão do aumento da despesa em áreas como a saúde e a defesa.

Na Zona Euro, o crescimento mantém-se moderado, refletindo a fragilidade da procura interna e o impacto da normalização monetária. O PIB da Alemanha registou uma estagnação, enquanto França e Espanha apresentaram crescimentos ligeiros, suportados pelo consumo e pelas exportações de serviços. A Comissão Europeia reforça a necessidade de revitalizar o investimento, sobretudo em setores estratégicos como energia, digitalização e defesa, num momento em que a escassez de mão de obra qualificada e a transição energética se afirmam como desafios centrais. O BCE, após oito cortes consecutivos nas taxas de juro, sinaliza agora uma pausa, privilegiando a monitorização da inflação subjacente, que continua acima da meta de 2% em vários Estados-membros. De notar que a França e Itália não estão a baixar a sua dívida, colocando pressão na zona euro.

Nos Estados Unidos, os mercados financeiros voltaram a evidenciar tensões. As yields das obrigações do Tesouro dos Estados Unidos a 30 anos ultrapassaram os 5%, refletindo a preocupação com a trajetória do défice, que deverá manter-se próximo de 7% do PIB nos próximos anos. O peso crescente da dívida pública, projetada para alcançar 130% do PIB até 2030, levanta dúvidas quanto à sustentabilidade das suas finanças. Este contexto, combinado com a incerteza política e o aumento do protecionismo comercial, tem alimentado a volatilidade dos mercados acionistas e reforçado os receios de um abrandamento mais marcado da maior economia do mundo.

A China continua a enfrentar uma conjuntura desafiante. Apesar de medidas de estímulo anunciadas por Pequim, incluindo apoios ao setor imobiliário e maior flexibilidade no crédito, o crescimento económico permanece aquém das metas oficiais. A crise prolongada do setor imobiliário e a debilidade da procura interna são fatores que condicionam a confiança dos investidores e das famílias. Ainda assim, o país mantém um peso relevante no comércio internacional e procura reposicionar-se como motor da economia global, reforçando as suas cadeias de fornecimento e a aposta em setores de alto valor acrescentado, como semicondutores e tecnologia verde. A evolução da economia chinesa será determinante para a dinâmica da região e para os fluxos comerciais globais.


Fontes: INE, BdP, BPI research, Eurostat, yahoo finance, BCE, turismo de Portugal

 


 

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

i. Gestão Corrente

PROJETOS ACONTECIMENTOS
S. VICENTE 1

Em agosto o rendimento bruto traduziu-se numa faturação de 4 931,81€, o que corresponde a um decréscimo de 7,97% quando comparado com o mesmo período em 2024. A taxa de ocupação subiu de 77,42% em 2024 para 84,97% em 2025, uma taxa de variação homóloga de 9,75%.

QUINTA DA AMIZADE

Continuam a ser trabalhadas e negociadas propostas e realizadas visitas, sem descurar o interessado que ainda tem dificuldade em colocar o capital necessário em Portugal para concretização do negócio.

ALMADA HISTÓRICA

Continuamos a desenvolver contatos de forma a vender o imóvel no seu estado atual.

SETÚBAL_ARRÁBIDA

O Parque Natural da Serra da Arrábida ainda não respondeu ao pedido efetuado. Sem prejuízo do processo de alteração de uso, submetido junto da CM Setúbal, o imóvel está a ser comercializado nas condições atuais e no estado em que se encontra.

COMBATENTES 54

Estamos a aguardar que as duas entidades externas consultadas se pronunciem de forma a podermos concluir o projeto.

VINHA DA ENCARNAÇÃO II

Foi retificada a minuta do CPCV de forma a salvaguardar a nossa posição e aguardamos a marcação do CPCV de forma a podermos iniciar as devoluções parciais do capital investido até à conclusão do negócio.

ESTRADA PALMELA B

No seguimento do CPCV assinado, a escritura de venda deve ser realizada até ao dia 5 de outubro do corrente ano.

ALMIRANTE REIS 1

Continuamos a aguardar a validação por parte da autoridade tributária da alteração submetida ao modelo 1 do IMI de forma a poder constituir a PH e poder concluir o projeto, existindo compradores para todas as frações.

SERPA PINTO 157

Continuam as negociações com um interessado de forma a concluir o projeto.

MOITA II

Tendo terminado as férias judiciais, aguardamos que seja marcada a audiência de julgamento e/ou venda judicial que salvaguarde as nossas pretenções.

ESTORIL 10 & ESTORIL II

Os elementos serão submetidos à CM Cascais. Estamos em negociações avançadas com um potencial comprador.

TWIN TOWERS

Por motivos de compliance bancário, relativo à proveniência dos capitais para a aquisição, não foi possível realizar a escritura na data agendada. O comprador e o seu advogado estão a tratar dos elementos a eles solicitados de forma a justificar e libertar o capital para a escritura. Estamos a dar um prazo que entendemos de razoável antes de optar por outra solução ou outras vias.

POSTIGO DO CAIS 1

Após o período de férias a remodelação irá ser retomada.

ESTREMOZ 25

O projeto está a decorrer dentro do previsto.

AÇUCENAS 4

Um dos apartamentos ficou disponível após a saída de um dos inquilinos e será agora colocado no mercado para venda.

VILLA GUINCHO

O projeto está a decorrer dentro do previsto.

 


 

iii. Melhorias e Evoluções


MELHORIAS

  • Foi adicionada mais informação à tabela dos seus investimentos. Pode agora consultar com maior clareza o capital inicialmente investido, o capital devolvido e o capital atualmente investido nos seus “investimentos em curso”. Está também disponível informação detalhada sobre devoluções parciais de capital na aba de “ganhos obtidos”;
  • Foi solucionado o problema que impedia a atualização correta de algumas medalhas. O histórico de todas as medalhas foi revisto e corrigido.

EVOLUÇÕES
  • Nada a apontar.

 


 

TODOS CONTAM

IMOBILIÁRIO E A SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES DO HOMEM

O setor imobiliário desempenha um papel central na vida humana, não apenas como um mercado económico, mas como um instrumento essencial na satisfação das necessidades fundamentais do homem. Desde a habitação até aos espaços de trabalho, o imobiliário organiza o espaço humano e influencia diretamente a qualidade de vida, a segurança, o bem-estar e a identidade cultural dos indivíduos e das comunidades. Neste contexto, compreender o imobiliário apenas sob a ótica financeira é insuficiente; torna-se necessário abordar a sua função social, ética e cultural.

Ganha cada vez mais força uma visão integrada do setor, em que os interesses dos investidores, dos utilizadores e da comunidade devem ser equilibrados. O promotor imobiliário não é apenas um agente económico, mas um resolvedor de problemas sociais e espaciais, cuja atuação pode transformar positivamente a experiência humana e o ambiente urbano.

O ser humano sempre procurou soluções para satisfazer necessidades básicas de abrigo e proteção. Desde as habitações pré-históricas até às cidades contemporâneas, o imobiliário reflete a adaptação do homem ao meio ambiente, a evolução das tecnologias construtivas e a organização social. Na Antiguidade, o espaço construído não apenas protegia contra as intempéries, mas também expressava poder e a hierarquia social, como demonstram os palácios, templos e fortificações. Durante a Idade Média e o Renascimento, o imobiliário urbano começou a articular funções residenciais, comerciais e administrativas, consolidando o conceito de cidade como espaço coletivo. No século XX, a industrialização e o crescimento urbano (massificado) introduziram novos desafios, incluindo a habitação acessível, o planeamento urbano e a qualidade de vida. O imobiliário passou a ser simultaneamente um bem de consumo e um instrumento de política social.

A teoria das necessidades de Maslow fornece um enquadramento útil para compreender como o imobiliário atende às múltiplas dimensões das necessidades humanas. As necessidades fisiológicas (abrigo, proteção contra o clima e espaço para descanso), as necessidades de segurança (estabilidade da posse, proteção jurídica, segurança física e da estrutura), as necessidades sociais (integração na comunidade, espaços de convivo e de identidade cultural), as necessidades de autoestima (prestígio associado à propriedade e sua posse, a estética do espaço e o conforto) as necessidades de autorrealização (expressão pessoal através do ambiente, design e funcionalidade). Assim, o imobiliário ultrapassa a função meramente utilitária, tornando-se um bem existencial, cuja ausência ou inadequação pode comprometer o bem-estar individual e coletivo.

James Graaskamp propôs uma abordagem sistémica e ética para o desenvolvimento imobiliário. Para ele, o sucesso de um projeto não deve ser medido exclusivamente pelo retorno financeiro, mas pelo equilíbrio entre três dimensões:

Investidores: interessados na rentabilidade e sustentabilidade do projeto.

Utilizadores: necessitam de espaços funcionais, seguros e adequados às suas atividades.

Comunidade: exige integração urbanística, responsabilidade ambiental e contribuição social.

O promotor imobiliário é como o mediador entre interesses divergentes, capaz de identificar problemas e propor soluções que beneficiem simultaneamente todas as partes. Esta visão integra dimensões técnicas, financeiras, sociais e ambientais, antecipando conceitos contemporâneos de urbanismo sustentável e responsabilidade social corporativa. O imobiliário é um instrumento para melhorar a qualidade de vida e a promoção imobiliária deve ter como prioridade o bem-estar humano tanto quanto o lucro.

Henri Lefebvre afirma que o espaço urbano não é apenas físico, mas socialmente produzido. O imobiliário, ao organizar e limitar a circulação, o seu uso e a convivência, transforma as relações sociais e culturais. Espaços bem projetados promovem coesão social; espaços mal planejados podem gerar exclusão.

David Harvey observa que a habitação é simultaneamente um bem de consumo e um ativo financeiro, gerando tensão entre a acessibilidade e a rentabilidade. Esta dualidade evidencia que nem sempre o imobiliário satisfaz diretamente as necessidades humanas, sobretudo em contextos de especulação.

Manuel Castells destaca a cidade como o palco das interações sociais e económicas. O imobiliário influencia a mobilidade, a densidade populacional e a infraestrutura urbana, determinando oportunidades de emprego, educação e acesso a serviços, reforçando a sua centralidade na satisfação de necessidades humanas.

O imobiliário desempenha um papel central na coesão social e na qualidade de vida. A habitação e políticas públicas (programas de habitação social, subsídios e apoios e impactam diretamente a acessibilidade). As infraestruturas urbanas (transportes, áreas verdes, equipamentos públicos e serviços de saúde complementam a função habitacional. A sustentabilidade e responsabilidade ambiental (projetos que consideram eficiência energética, gestão de resíduos, preservação ambiental e aplicação de critérios ESG contribuem para necessidades coletivas de longo prazo). A integração destas dimensões demonstra que o imobiliário é simultaneamente um bem individual e coletivo, sendo um veículo essencial para a equidade social e a melhoria da vida urbana.

O setor imobiliário enfrenta desafios complexos. A crise da acessibilidade e desigualdade social, a transformação tecnológica com a digitalização, inteligência artificial e smart buildings que mudam a forma de habitar e gerir espaços. As mudanças climáticas que aportam a necessidade de construir de forma resiliente e sustentável. A flexibilidade social com as novas formas de trabalho e habitar que exigem a adaptação constante do imobiliário.

O papel do promotor e do investidor continua sendo crucial: devem equilibrar interesses financeiros com responsabilidade social, ambiental e ética, alinhando o imobiliário com as necessidades humanas presentes e futuras. O imobiliário é um espelho das necessidades humanas, refletindo aspirações, valores e desafios de cada sociedade. Desde a proteção física básica até à autorrealização, os espaços construídos estruturam a vida humana e influenciam a qualidade de vida individual e coletiva.

A visão de Graaskamp permanece atual: o promotor imobiliário deve agir como mediador entre investidores, utilizadores e comunidade, procurando soluções que conciliem lucro, funcionalidade e bem-estar social. Em face dos desafios contemporâneos (desigualdade, sustentabilidade e inovação tecnológica), o setor imobiliário deve continuar a colocar o homem no centro, garantindo que o desenvolvimento urbano seja simultaneamente economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.

Nuno Santos, Asset Manager


 

AGENDA DO MÊS

Setembro 2025

QUINZENA EVENTO
  • Devolução parcial do capital investido do projeto - “VINHA DA ENCARNAÇÃO II”
  • Conclusão do projeto - “TWIN TOWERS”
  • Devolução do capital investido e distribuição de rendimentos do projeto - “TWIN TOWERS”